quarta-feira, 13 de abril de 2011

RAINHAS E SEUS SERVIÇAIS

Ontem fui assistir o ensaio do novo espetáculo da minha mulher no Centro Cenotécnico, "Ifigênia em Áulis", uma tragédia grega, assim como a vida de muitos hoje. Nunca fui muito dado às tragédias, apesar de amar Nelson Rodrigues e suas tragédias cariocas, mas vendo a Vika ensaiar me despertou o interesse no espetáculo, o que me fez petrificar na porta do ensaio. Fiquei ali parado olhando seus gestos e sua força, um sentimento de orgulho tomou conta de mim, fiquei surpreso ao final da cena quando ela foi aplaudida pelos colegas que ali estavam. Saímos pra comer no Mexicano e conversar sobre o ensaio, meu Deus como é bom vê-la fazendo o que gosta! Vendo-a em ação percebi que a arte da interpretação é um dom e um dom para poucos, a sensibilidade, a impostação de voz, o estudo cênico, o talento, tudo isso ela tem de sobra, mas o que mais me desperta a atenção é sua simplicidade, seu caráter, seu amor pela arte. Certa vez, durante uma discussão sobre prêmios, ela me disse que só o fato de ser indicada já era um prêmio, o reconhecimento do público e dos colegas era um prêmio, o meu amor era um prêmio. Naquele momento percebi como nasce uma estrela e como se forma a sua constelação, sou marrento e sei do meu talento, mas não há comparação, dentro de casa sou apenas um serviçal de Cliteminestra, um homem apaixonado pela atriz, mãe, mulher e amiga, Virginia Schabbach, ou simplesmente Vika, como prefere ser chamada.
Vida longa ao teatro gaúcho, mas principalmente vida longa ao amor e a admiração que sinto por essa estrela que brilha nos teatros de Porto Alegre, mas que irradia luz todos os dias no palco do meu quarto.

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